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Falando de Turismo e Cultura para a agência COLABORA

  • Foto do escritor: Juliano Muller
    Juliano Muller
  • 25 de fev. de 2021
  • 7 min de leitura

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A Colabora Comunicação & Marketing é uma agência de publicidade e assessoria

de imprensa voltada ao pequeno e médio empreendedor, bem como entidades

sem fins lucrativos, proporcionando soluções inovadoras para divulgação dos seus

produtos e serviços. Sediada em Igrejinha/RS, atende clientes em todo Vale do Paranhana e Vale dos Sinos. A Colabora também está desenvolvendo projetos na área de comunicação social, entre eles, a criação de um canal de entrevistas com agentes públicos, conectando-os com a população em geral, repercutindo as boas iniciativas de interesse da comunidade local.

Para iniciar nossas respostas ao questionário, faço uma consideração incial sob quatro eixos, que permearão todas as respostas posteriores:

- Temporal: A institucionalização do Turismo, como outras políticas públicas, se desenvolve através do tempo, da visão, do planejamento e da operacionalização coordenada e cooperativa entre vários agentes. Não se muda a realidade num “estalar de dedos”. A cidade de Gramado, uma referência internacional, iniciou ainda na década de 1970 o seu redirecionamento econômico da indústria para o turismo. São cinquenta anos de construção e persistência coletivas.

- Regionalização: Geograficamente, toda a região do Paranhana, se somada, formaria um município não muito maior do que outros da região metropolitana. Estamos a alguns minutos de distância das demais cidades do vale. Não há como desenvolver plenamente o turismo em Igrejinha sem entender detalhadamente o seu papel frente aos demais municípios, bem como a forma de cooperação entre si. O Caminho das Pipas de Rolante também é nosso! A Festa da Melancia de Parobé é de todo o Vale! O Centro Budista de Três Coroas está para a visitação de todos! Nossa Oktoberfest somente é o que é, devido ao prestígio e presença de visitantes de toda a região, portanto também é deles! Não se atrai o turista oferecendo “mais do mesmo”. Precisamos substituir concorrência por complementação. Roteiros turísticos se consolidam não "tolhidos" por limites municipais e sim "ampliados" por temas que se conectam atendendo a expectativa dos visitantes.

- Institucionalização: As políticas públicas de Turismo devem se tornar ações de Estado e não de governo. Mesmo que se troque o Prefeito e os Legisladores a caminhada deve seguir de acordo com o previsto num planejamento construído com a participação da sociedade. Por isso é tão importante a consolidação do Conselho Municipal de Turismo e do Plano Municipal de Turismo, ferramentas que estão em atividade em nossa cidade.

- Efeitos da Pandemia: A pandemia impactou o Turismo no mundo todo. Ainda estamos vivendo um período incerto e instável, característico da transição para uma nova era, com novos hábitos e outras preferências. Se por um lado a instabilidade dos protocolos sanitários (que podem mudar a cada semana) dificultam o planejamento e a execução de serviços, por outro lado, o público que antes fazia viagens internacionais agora está buscando opções de destinos turísticos internos atrativos e seguros.

COLABORA: A cidade de Igrejinha é conhecida pela produção de calçados, pela Oktoberfest, pela tradição de voluntariado, entre outros destaques. Podemos também ser conhecidos nacionalmente como uma cidade turística no futuro?

SECRETÁRIO JULIANO: A produção de calçados, a Oktoberfest e a própria tradição do voluntariado também são aspectos comportamentais com potencialidade turística. Inicialmente precisa ser entendido que o Turismo não se trata de uma área isolada, ela se conecta com outras áreas de atuação pública e principalmente com empreendedores que reconhecem no nosso potencial turístico rentáveis oportunidades de negócios. Tudo pode fomentar o Turismo! Uma cidade turística não se institui através de um Decreto do Prefeito. Ela é constituída gradativa e colaborativamente entre comunidade, empreendedores e Poder Público Municipal. Quanto antes essas ações forem planejadas e operacionalizadas, de maneira coordenada e cooperativa, antes poderemos evoluir como destino turístico atrativo, viável e seguro.

COLABORA: Há muito tempo se fala que Igrejinha poderia explorar mais o enorme fluxo de turistas que passa pela RS-115 rumo a Gramado e Canela, que estão cada vez mais esgotadas. O que pode ser feito para atrair esse público, além do comércio da beira da estrada? Há espaço para desenvolver atrações na região do Paranhana que venham ampliar o leque de opções para o turista que se dirige à serra gaúcha?

SECRETÁRIO JULIANO: Nos últimos anos temos evoluído em matéria de atrativos e rotas num formato de parcerias institucionais autossustentáveis. Vejamos o “Caminhos do Rural Saudável”, em parceria com a Emater/Ascar e empreendedores rurais; o Parque Alto da Pedra, gerido pelo Clube Serra Grande de Vôo Livre. Todos se tornaram atrações turísticas permanentes da cidade de Igrejinha. Este modelo de gestão implantado no Parque Alto da Pedra também está sendo avaliado para o Monte da Fé, após a conclusão das obras em andamento. Mesmo assim, ainda há muito a fazer, desenvolver e evoluir. O principal desafio atual é qualificação da mão de obra para o Turismo. Tornar Igrejinha uma opção no leque do turista passa necessariamente por quebrarmos paradigmas de recursos humanos tipicamente industriais direcionando-os para a prestação de serviços turísticos. As operações repetitivas da fabricação do calçado se tornam atendimento qualificado e dedicado, que culmina em uma única oportunidade de causar uma "boa impressão". As férias coletivas de final de ano, feriados e horários claramente pré-definidos se tornam folga no meio da semana e a certeza de que “o turismo trabalha quando os outros folgam”. O Turismo requer uma outra forma de planejar, pensar e agir, buscando gerar experiências prazerosas e memoráveis.

COLABORA: Fala-se também em turismo rural, religioso, de aventura e outros nichos alternativos. Quais são as iniciativas públicas e privadas nessas áreas que efetivamente podem resultar em incremento em número de visitantes e geração de renda para o município de Igrejinha?

SECRETÁRIO JULIANO: Agora em março, o Conselho Municipal de Turismo voltará do recesso e organizará a apresentação do Plano Municipal de Turismo, construído no final do ano passado com assessoria do Sebrae. Ele apresentará o diagnóstico (com seus nichos alternativos) e as possibilidades de intervenção, tanto do poder público quanto da sociedade, para tornar o Turismo um vetor de desenvolvimento e geração de emprego e renda.

COLABORA: A cidade de Igrejinha está preparada para receber um volume maior de turistas o ano todo? Existe preparação para acolhimento, hospedagem, opções de gastronomia, capacitação do comércio e da população em geral para um maior fluxo de pessoas de fora?

SECRETÁRIO JULIANO: Acolhimento, hospedagem, gastronomia e comércio são componentes de um sistema turístico, porém cada um deles tem potencialidades e realidades em estágios diferentes. Por exemplo, mesmo antes da pandemia o ramo de hospedagem já estava passando por profundas transformações devido aos aplicativos que oferecem leitos. Como são várias nuances em cada componente precisamos agir sobre a base do turismo, que irá melhorar todos ao mesmo tempo. Temos o desafio de superar a ideia de que Turismo é apenas evento. Não! Também é, mas não somente é! Antes da pandemia foi realizado, por iniciativa do Conselho Municipal de Turismo, um curso gratuito de Condutor Turístico local, que capacitou interessados em acolher e conduzir visitantes tanto pela zona rural quanto pela zona urbana, apresentando a nossa cidade, suas histórias, seus costumes e suas rotinas. Comerciantes e empreendedores turísticos também participaram de um outro projeto de qualificação que foi financiado pelo Fundo de Apoio à Cultura do RS. Evoluímos porém ainda temos um longo caminho pela frente, que passa necessariamente por aumento de leitos de hospedagem, disponibilização de informações turísticas (presencial e virtualmente) e o oferecimento de produtos que representem a “identidade cultural de Igrejinha”. O diagnóstico do Plano Municipal de Turismo mostrou isso e já estamos articulando soluções.

COLABORA: A duplicação da RS-115 não poderia auxiliar no turismo de toda a região? Existe perspectiva para que isso aconteça em curto ou médio prazo?

SECRETÁRIO JULIANO: Sem dúvidas a duplicação da RS115 é importante para o Turismo local mas não aconselharia a fundamentar nossas ações sobre algo que dependa do governo estadual. A pandemia exigiu dos governos a priorização de recursos para a Saúde e o período pós pandêmico talvez defina novas prioridades orçamentárias, o que pode comprometer as previsões de duplicação. O que nos cabe é pôr em prática o Plano Municipal de Turismo, em contato constante com agências de turismo e com a sociedade, qualificando nossos serviços.

COLABORA: Infelizmente, ainda não podemos deixar de falar na pandemia da Covid-19. O quanto o turismo local foi impactado nesse período? Houve encerramento de atividades? Como os empresários do setor estão superando essa crise e quais as alternativas encontradas?

SECRETÁRIO JULIANO: O Plano Municipal de Turismo foi desenvolvido em pleno período de pandemia. Foi a primeira pesquisa feita na área em Igrejinha então não há números a serem comparados. É perceptível que o Turismo foi impactado muito mais do que outros segmentos econômicos. O próprio turista passou a procurar estabelecimentos sanitariamente seguros e isso foi um diferencial que os nossos empreendedores perceberam e ao qual se adaptaram.

COLABORA: A área da cultura com certeza foi uma das mais afetadas pela pandemia. Quais são os projetos da secretaria para esse setor, tão logo se tenha o retorno mínimo da normalidade?

SECRETÁRIO JULIANO: O “retorno mínimo da normalidade” me parece subjetivo. Efetivamente, estamos em fase de execução de projetos da Lei emergencial da Cultura, a Lei Aldir Blanc municipal, que injetou na economia local mais de 250 mil reais. Mesmo com a instabilidade do Modelo de Distanciamento Controlado vigente, que pode mudar a cada semana, estamos trabalhando para equacionar os protocolos de isolamento e a realização de ações culturais. Cultura e Arte são hábitos que exigem aprimoramento constante, treinos e ensaios. Um músico, instrumentista ou cantor, pode realizar aprimoramento individual mas, se ele faz parte de um conjunto, precisa ensaiar coletivamente, mesmo que não haja apresentações previstas. Muito embora as grandes aglomerações estejam proibidas, nossa interpretação é que os ensaios poderiam ocorrer, com todos os cuidados, porque envolvem a presença das mesmas pessoas. Diferentemente de um baile com frequentadores esporádicos e casuais, os ensaios possuem periodicidade determinada (geralmente diária ou semanal) e a presença de um grupo específico de pessoas (componentes da invernada de um CTG ou uma banda, por exemplo).


Ao final

Expresso a minha GRATIDÃO!

Ao COLABORA, pela oportunidade de falar de Turismo e Cultura.

E a cada leitor desta entrevista, que poderá perceber a profundidade e a abrangência deste tema, concordando ou discordando.

A civilização humana se desenvolveu através das Artes, da Cultura e da curiosidade de explorar o planeta. Embora a mudança sempre seja dolorosa, porque nos tira da comodidade, gera impactos em cadeia, nos obrigando a construir alternativas. Espero, que possamos, o quanto antes, estabelecer o "novo normal" de maneira sanitariamente segura, sem perdermos a essência do ser humano.

 
 
 

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